CHUVA EM CAMPO NOVO DO PARECISPor Gustavo Bonato

SÃO PAULO (Reuters) – Chuvas que atingiram Mato Grosso nos últimos dias e que estão previstas para os próximos colocam em alerta produtores de algumas regiões do principal Estado produtor de soja do país.

Fotografias que circulam em redes sociais tiradas na região de Campo Novo do Parecis impressionam, com lavouras submersas e pessoas com água na altura da cintura.

“Em algumas regiões teve mesmo alagamento”, disse o produtor rural Alex Utida, que planta soja na região de Campo Novo do Parecis.

“Entre sexta-feira e sábado foram chuvas potentes”, disse ele, acrescentando, no entanto, que foram casos pontuais.

Segundo o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja MT), Nery Ribas, apesar de episódios mais graves isolados, como alguns alagamentos, ainda é cedo para fazer uma avaliação de danos à safra de soja do Estado.

Ele ressaltou que problemas podem ser registrados de maneira mais generalizada em função do excesso de umidade –e não necessariamente por inundações–, que prejudica a qualidade dos grãos.

“No geral, temos preocupação em termos de qualidade de safra, quebra, perda. Fatalmente vamos ter problemas de grão ardido, perda de produtividade”, afirmou Ribas, referindo-se aos grãos que estão prontos para colheita e são expostos à umidade por vários dias seguidos no campo. Esses grãos acabam fermentando e passam a ter baixíssimo valor comercial.

Produtores que entregam aos compradores carregamentos com um percentual acima do permitido de grãos avariados acabam recebendo grandes descontos no preço recebido.

“Tem muita soja pronta para colher e o pessoal não está conseguindo entrar nas lavouras. Isso está causando apreensão. Ainda é cedo para contabilizar qualquer prejuízo, mas se a chuva não parar nos próximos dias, como está previsto, acende um alerta vermelho”, disse o analista Valmir Assarice, da consultoria Agroconsult, que percorre esta semana as regiões oeste e médio-norte de Mato Grosso coordenando equipes da expedição técnica Rally da Safra.

Mato Grosso vem registrando chuvas desde janeiro, quando foi iniciada uma colheita que registra até o momento uma velocidade recorde. Contudo, por terem sido precipitações em forma de pancadas, não haviam impedido de maneira relevante o trabalho de colheita nem provocado perdas significativas na qualidade da safra.

Na sexta-feira, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estimou que a colheita de soja do Estado avançou para 45,8 por cento da área total semeada, num salto de mais de 15 pontos percentuais em uma semana, no ritmo mais acelerado de trabalho já registrado para esta época do ano.

Um ano atrás, o Imea registrava índice de 25,6 por cento das lavouras colhidas.

A previsão do tempo indica que a chamada “invernada”, período prolongado de chuvas sem abertura de sol, deve terminar em breve.

“Essa invernada deverá persistir até amanhã, quarta-feira, sendo que na quinta-feira o tempo voltará a abrir em diversas localidades, mas será somente a partir do começo da semana que vem que o tempo realmente irá se firmar e as condições voltarão a ficar bastante favoráveis à realização da colheita da soja e plantio do milho”, disse nesta terça-feira o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima.

 

Fonte: Reuters / Notícias Agrícolas