Chamado popularmente de feijão e feijão-caupi, os “feijões” são de gêneros diferentes e por isso é necessário o uso de inoculantes específicos para cada um deles

 

O Brasil é o maior produtor e consumidor de feijão comum (Phaseolus vulgaris) do mundo, com aproximadamente 3,2 milhões de toneladas ao ano. As variedades mais consumidas desse gênero são o carioca e o preto, sendo uma importante fonte de proteína e minerais para a população. E para que a produção de feijão mantenha os patamares é preciso atenção nos períodos de semeadura, que se concentram, basicamente, em três períodos, o chamado das “águas”, nos meses de setembro a novembro, o da “seca” ou safrinha, de janeiro a março, e o de outono-inverno ou terceira época, nos meses de maio a julho.

De acordo com o engenheiro agrônomo e consultor da ANPII (Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes), Solon Araújo, o feijoeiro necessita de grandes aportes de nitrogênio para obter altas produtividades. Normalmente os agricultores utilizam de 80 a 150 kg de N/ha. Entretanto, como todas as leguminosas, o feijoeiro também se beneficia da fixação biológica de nitrogênio – FBN, para suprir de forma muito mais econômica este nutriente. “A inoculação do feijoeiro é feita utilizando-se o inoculante específico para esta cultura, produzido com bactérias classificadas como Rhizobium tropici. Este produto é misturado às sementes no momento do plantio, devendo-se proceder à semeadura no menor tempo possível”, ressalta.

No caso do caupí (Vigna unguiculata), conhecido popularmente como feijão-de-corda, feijão fradinho, feijão frade, feijão miúdo, o cultivo é feito principalmente no Nordeste e Norte e muito explorado pela agricultura familiar, mas está conquistando espaço na região Centro-Oeste, em razão do desenvolvimento de cultivares com características que favorecem o cultivo mecanizado. A produção de caupi fica em torno de 483 mil toneladas ao ano, sendo cultivada em 1.200.000 ha (fonte: Embrapa Arroz e Feijão).

Na produção do caupi, a utilização de inoculantes também é altamente recomendada para a fixação biológica de nitrogênio. No entanto, Solon enfatiza que para esse processo a bactéria utilizada é do gênero Bradyrhizobium, a mesma utilizada na cultura de soja. “Atualmente estão disponíveis no mercado estirpes recomendadas para a cultura do caupi, como a BR 3267 (SEMIA 6462) e a BR 3262 (SEMIA 6464)”.

Por isso, é muito importante, portanto, que se sabia distinguir os inoculantes para cada cultura. O inoculante utilizado no caupí não é o mesmo utilizado no feijão comum. É necessário utilizar o inoculante específico para feijão (Phaseolus) e para o Caupi (Vigna).

Resultados positivos

As pesquisas têm demonstrado que com o uso de inoculante na cultura do feijoeiro pode-se obter ganhos de produtividade acima de 20%, com uma grande economia no investimento em fertilizante nitrogenado, desde que o processo de inoculação seja feito corretamente. O consultor da associação explica que o produto é misturado às sementes no momento do plantio, devendo-se proceder à semeadura no menor tempo possível, pois as bactérias, permanecendo por muito tempo sobre as sementes fora do solo, vão perdendo sua viabilidade, em especial se as sementes estiverem tratadas com produtos químicos, diminuindo assim os ganhos de produtividade alcançados em estudos.

Em relação à economia, o inoculante é o insumo com melhor custo benefício na agricultura. O engenheiro agrônomo demostra que, no caso do feijão, se em vez de se usar 100 kg de nitrogênio via fertilizante nitrogenado, ao custo aproximado de R$ 220,00 usarmos três doses de inoculante, teremos um custo aproximado de R$ 15,00. Ou seja, uma diferença de mais de 200 reais por hectare. “No caso do caupi, apesar de dificilmente ser utilizado fertilizante nitrogenado, para quem produz com alta tecnologia o cálculo de economia é o mesmo”, demonstra.

Além disso, um cuidado especial deve ser tomado com relação ao uso de fertilizantes nitrogenados na cultura do feijoeiro quando se utiliza o inoculante: altas doses de nitrogênio na base inibem a formação dos nódulos, prejudicando seriamente a fixação do nitrogênio pelas bactérias. “Deve-se usar no máximo 20 kg de nitrogênio na base, para que se obtenha uma nodulação significativa, o que vai fornecer um bom suprimento do nutriente”, alerta.

E tão importante quanto a redução de custo e aumento de produtividade, o uso do inoculante em feijoeiro também resulta em ganhos para o ambiente, pela redução da emissão de gases de efeito estufa.

 

Fonte: Assessoria ANPII e Notícias Agrícolas