Ritmo de compras da China não é satisfatório: Está muito lento

Os produtores rurais brasileiros acumulam algo em torno de 5,2 milhões de toneladas da safra passada, o que é praticamente a metade do aumento da safra. Esse estoque parado deixa os compradores internos “muito confortáveis para não elevarem os preços”, aponta a equipe de analistas de mercado da Consultoria TF Agroeconômica. 

Os especialistas alertam que houve uma forte queda na lucratividade do agricultor, que caiu a zero: “O resultado é que as cotações do milho no Brasil recuaram quase dez vezes mais do que as cotações de Chicago (1,26% somente neste ano de 2023, contra 0,15% em Chicago, como mostra a tabela acima)”.

A equipe da TF explica que “falta planejamento no setor agropecuário no Brasil”: “Isto porque o agricultor tem uma facilidade enorme em aumentar em muito e rapidamente a sua produção, bem acima da capacidade de o estado organizar o restante da infraestrutura necessária para isto, que é a capacidade de armazenagem. O Brasil hoje só tem capacidade para armazenar uma safra, ou de soja, ou de milho, a de trigo já começa a ser demasiada), o escoamento (estradas e janelas nos portos) e planejar a demanda externa, por exemplo”.

Além disso, destacam, a safra brasileira de milho aumentou 11,93 milhões de toneladas, sem planejamento. “Por outro lado, a capacidade de armazenagem permaneceu a mesma, as janelas nos portos ficaram ainda mais apertadas com o advento de uma grande safra de trigo, a nossa frota de caminhões cresceu apenas 1%, segundo a Mercedes Benz, as nossas estradas continuam deficitárias e as ferrovias não saem”, acrescentam.

Mas e o acordo sanitário com a China? Segundo os analistas de mercado, isso ocorreu “somente em maio de 2022, ou seja, depois de ter aumentado a área, para depois se ver como escoar, o que é errado. A burocracia segurou os documentos até outubro, os negócios começaram em novembro e normalmente levam 60 dias entre serem fechados e embarcados (início de janeiro, quando houve uma explosão de embarques de milho). Mesmo assim, o ritmo de compras da China não é satisfatório. Está muito lento, porque teve problemas internos com a demanda, devido à Covid, que freou o consumo”.

A grande pergunta que surge então é: O que fazer? “Se você é produtor, o que tem a fazer é esperar, porque, sim, a China ainda está no radar para comprar milho brasileiro. Mas, não aumente muito a área para a próxima safra, porque não há demanda mundial para tudo isto. Se você é consumidor de milho, continue comprando da mão-para-a-boca, sem fazer estoques, porque não precisa: há grande disponibilidade no momento, a preços levemente decrescentes. O que você precisa fazer é ficar atento à redução desta disponibilidade: se a exportação se tornar muito ativa, é sinal de alerta. Trate de garantir a sua quota”, conclui a TF.

Fonte- Agrolink
Por- Leonardo Gottems